É a colectividade mais antiga de Figueiró dos Vinhos, e até hoje não foi possível saber-se a data da sua fundação, supondo-se que tenha sido no século XIX, pelos anos de 1850 e 1870.
Um dos seus fundadores e benemérito foi o figueiroense Manuel Quaresma de Oliveira, falecido em 1905, e que residiu na cerca da Fonte das Freiras, tendo um dos seus genros chegado a ser maestro da filarmónica, Manuel Gameiro dos Santos, natural de Alcanena.
Esta colectividade, que na fundação se chamava Sociedade Filarmónica Figueiroense, tem um historial longo e belo, tendo ao longo dos anos, com altos e baixos, dignificado sempre o concelho de Figueiró dos Vinhos, por todos os pontos do país.
Um dos momentos altos da sua existência foi pelo ano de 1900, em que executava peças de real valor, como se vê por algumas peças do seu arquivo, com relevância para uma, que foi composta expressamente para a inauguração do chalé “O Casulo”, residência de Mestre Malhoa, e que tem o mesmo nome do chalé.
Esta peça foi composta pelo maestro Filipe José da Cruz, na altura ao serviço da colectividade, onde esteve alguns anos, saindo daqui para reger a prestigiada Banda da Figueira da Foz.
A partir de 1906, teve grande rivalidade com outra filarmónica desta vila, fundada nesse ano por uma facção política, saindo daquela alguns elementos para a nova filarmónica.
Era a tal rivalidade entre elas que os músicos frequentemente se envolviam em actos de pancadaria, sendo os instrumentos musicais, muitas vezes, as armas de ataque e de defesa, e eram conhecidas pelos apelidos jocosos de:
- “Banda do Pau Teso” (a Filarmónica Figueiroense)
- “Banda do Cu Aberto” (a Filarmónica Republicana)
Quando em festas se queria designar uma ou outra, os nomes eram, respectivamente: - “Filarmónica Velha” e “Filarmónica Nova”.
No final de 1916, por dificuldades financeiras e ter amainado um pouco a rivalidade, os sócios da “Nova” não a acharam necessária, integrando-se todo o seu espólio, na Filarmónica Figueiroense, o próprio maestro, o saudoso maestro Manuel Martins Nunes, que regia aquela, passaria também para esta.
Em 1937 entrou também esta em crise, fechando-se a sede que na altura era no cimo da vila na rua Dr. António José de Almeida, motivado por uma zanga entre os músicos na festa do São Vicente dos Pinheirais, no concelho de Pedrógão Grande.
Por iniciativas dos directores da Casa do Povo, foi ali integrada em 1938,passando nessa altura por mais um dos momentos altos da sua existência, tendo actuações de alto nível, como por exemplo, nas festas da Rainha Santa em Coimbra, onde na mesma altura foi inaugurar o “Portugal dos Pequenitos” e o “Campo de Aviação de Coimbra” (em Cernache dos Alhos).
Novamente por uma zanga entre um elemento da Direcção da Casa do Povo e os elementos da filarmónica, estes negaram-se terminantemente a tocar pela Casa do Povo, em finais de 1942, acabando novamente a Banda.
A Câmara Municipal atenta a esta situação e sabedora de que a Banda Filarmónica fazia falta ao concelho de Figueiró dos Vinhos, deliberou em reunião da Câmara fundar a Banda Municipal, a partir de Novembro do mesmo ano, entrando em contacto com a Casa do Povo para lhe adquirir o instrumental, destinando-lhe como sede o antigo Talho Municipal.
Manteve-se a Banda na Câmara Municipal até ao ano de 1949, altura em que uma inspecção efectuada à edilidade, verificou ser ilegal a filarmónica estar ali integrada.
Passou novamente a ser Sociedade Filarmónica Figueiroense, continuando com a sua sede no antigo Talho Municipal, que veio a ser demolido em 1980 para a construção do Palácio da Justiça.
Em 1982, em Assembleia Geral foi alterado o seu nome para Sociedade Musical Instrução e Recreio Figueiroense – Filarmónica Figueiroense, continuando a ser, sem a menor dúvida, o expoente máximo da cultura em Figueiró dos Vinhos.
Do seu historial mais recente fazem parte actuações em diversos pontos do país, em Rádios Regionais (da sua sede se fez em Março de 1988 uma transmissão directa, com duração de três horas, para toda a região de Leiria, e dado o impacto que teve foi transmitido novamente em diferido uma semana depois). Actuações na Rádio Televisão, diversos concertos na cidade de Lisboa e outros pontos do país, fazem igualmente parte do seu historial.
A imprensa frequentemente faz referência às suas actuações e à sua qualidade musical.
Em 1983 a Câmara Municipal dotou-a com uma magnífica sede própria, a condizer com o seu prestígio secular.
A edilidade em reunião de 29 de Março de 1988 tomou a seguinte deliberação sobre esta colectividade: - “Trata-se de uma das colectividades mais representativas do concelho ao serviço da cultura e recreio, com mais significado no âmbito musical, vindo a representar este concelho há mais de 100 anos, com a maior dignidade e eficiência”.
Pela vivência prática da vertente musical da Banda Filarmónica de tantos anos, foram criadas no mês de Maio de 1988, as actividades de Orquestra Ligeira, Rancho Folclórico e Grupo Coral, que durariam até 31 de Dezembro de 1990.
Organizou as festas do concelho (as tradicionais festas da feira de São Pantaleão), nos anos de 1988 e 1989, apresentando nestes dois anos, uma “Noite de Figueiró”, exclusivamente com artistas da Filarmónica, e que constituíram dois grandes sucessos para a região.
Pelo seu passado merece o maior carinho, consideração, respeito e ajuda de todos os figueiroenses.